Olá leitores! Essa postagem é uma reprodução de informações contidas em vários sites especializados no assunto.
Nos anos 80 e início dos anos 90, realmente se falou muito sobre AIDS, e ainda buscava-se informação sobre a doença, ou sobre o vírus HIV. Mas o que se sabia mesmo, é que a aids era mortal, pelo menos foi assim que se sucedeu nos anos posteriores a descoberta da doença, e isso causava um medo absurdo nas pessoas. Artista famosos, cantores internacionais, nacionais ou anônimos, muitos perderam a vida. A aids não escolhia entre pobres e ricos, cor, raça ou posição social, muito embora tenha se propagado mais livremente nos chamados "grupos de risco". Em 1988, a dupla PET SHOP BOYS, através da música Domino Dancing, entrou em uma campanha de divulgação e prevenção à AIDS. A ideia seria mostrar que a cada dia a doença derrubava alguém (matava), e as pessoas caiam como peças do dominó uma após outra, todos os dias (All day, All day... como diz a canção). A dupla escolheu a caliente Porto Rico na América Central, onde tudo foi ambientado, 12 de Setembro de 1988 foi a data de lançamento e Donna Bottman foi a modelo escolhida para estrelar o clip dançante, nos primeiros minutos um cemitério figura como cenário, o que deveria ser encarado como um aviso sobre a Aids. Mas... vamos deixar o Pet Shop Boys contar essa história? Afinal, a História tem Música!
Linha
do Tempo da AIDS: Do Primeiro Caso aos Dias Atuais
"A
aids não é mortal. Mortal somos todos nós."
Herbert de Souza, o Betinho
1977: A médica e
pesquisadora dinamarquesa Margrethe P. Rask, morre, aos 47 anos . Ela havia estado na África,
estudando o Ebola, e começara a apresentar diversos sintomas estranhos para a
sua idade.
1981 – Descreve-se pela primeira vez a Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida, contudo, sem nomeá-la cientificamente.
1982 - Pesquisadores do CDC estavam colhendo
dados a respeito de nomes de pessoas homossexuais que houvessem mantido
relações sexuais entre si, a fim de mapearem aquela doença, até então não
compreendida em relação à sua forma de transmissão. Grande parte das pessoas
entrevistadas relata haver conhecido um mesmo homem, um comissário de bordo de origem
franco-canadense, Gaetan Dugas. Mais tarde este homem passou a ser conhecido como o
paciente zero, a partir de quem a doença teria cruzado o oceano
atlântico. No Brasil, os primeiros sete casos confirmados ocorreram em São
Paulo, todos pacientes de prática homo/bissexual, tendo sido o Hospital Emílio
Ribas a atendê-los. Os pesquisadores ainda não haviam chegado a um consenso
sobre o nome para esta doença, que era tratada pela imprensa como ‘Peste Gay’
ou GRID - Gay-Related Immune Deficiency.
Ainda neste ano, casos de AIDS foram relatados em 14 países ao redor do mundo.
1983 – Instalou-se grande pânico ao redor do
mundo quando se cogitou que a doença poderia ser transmitida pelo ar e
utensílios domésticos, após ter sido relatado casos de infecção em crianças nos
Estados Unidos. Ocorre a primeira Conferência sobre AIDS, em Denver, EUA. A
doença é relatada em 33 países. Estavam confirmados 3.000 casos da doença nos
EUA, com um total de 1.283 óbitos.
1984 – Descobre-se o retrovírus considerado
agente etiológico da AIDS. Dois grupos de cientistas reclamaram ter sido o
primeiro a descobri-lo: um do Instituto Pasteur de Paris, chefiado pelo Dr. Luc
Montangnier e o outro dos Estados Unidos, chefiado pelo Dr. Robert Gallo.
Ocorre a morte de Gaetan Dugas, considerado o "paciente zero", a
pessoa que trouxe o vírus para a América. Fecham-se as saunas gays na cidade de
São Francisco, EUA.. No final deste ano, 7.000 americanos tinham a doença.
1985 – O ator Rock Hudson morre, sendo a
primeira figura pública conhecida a ter falecido em função de AIDS.
Ryan White, um menino de 13 anos e hemofílico, é expulso da escola. Ocorre a primeira Conferência Internacional de AIDS em Atlanta. Ao final do ano, a AIDS havia sido relatada em 51 países. É relatada no Brasil a primeira ocorrência de transmissão perinatal, em São Paulo.
1986 – Surge o AZT. No mesmo ano, o órgão
norte-americano de controle sobre produtos farmacêuticos FDA (Food and Drug
Administration) aprovou o seu uso. Este revelou um impacto discreto sobre a
mortalidade geral de pacientes infectados pelo HIV. Em relação aos usuários de
droga injetável, a estratégia recomendava aos usuários que esterilizassem
seringas e agulhas. No Brasil, Herbert de Souza, o Betinho.
Conhecido
sociólogo e ativista político brasileiro, hemofílico, confirma sua condição de
portador do vírus HIV. No mesmo ano ele funda a ABIA – Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS.
1987 – O governo britânico lançou uma campanha
publicitária com a frase "Não morra de Ignorância" e entregou em cada
residência um folheto sobre a AIDS. A princesa Diana abriu o primeiro Hospital
especializado em tratamento da AIDS na Inglaterra. O fato dela não ter usado
luvas quando apertou as mãos de pessoas com AIDS foi amplamente divulgado pela
imprensa e ajudou a mudar atitudes preconceituosas.
1988 – A Inglaterra, em função do alto índice de
contaminação de usuários de drogas, começou a discutir estratégias específicas
focadas em programas de prevenção que foram mandados para 148 países. O
programa enfatizava a educação, a troca de informações e experiências e a
necessidade de proteção dos direitos e da dignidade humana. Morrem os dois
irmãos de Betinho, também hemofílicos, de AIDS: Henfil, proeminente escritor,
aos 43 anos e Chico Mário. Betinho afasta-se da ABIA, desesperançado. No mesmo ano,
a OMS instituiu o Dia Mundial da AIDS, primeiro de dezembro, sendo esta
primeira edição com o tema: "Junte-se ao esforço mundial".
1989 – Um grande número de novas drogas
tornou-se disponível no mercado para tratamento das infecções oportunistas. O
preço do AZT caiu 20%. Um novo antirretroviral, DDI, foi autorizado pelo FDA
para pacientes com intolerância ao AZT. O tema do Dia Mundial da AIDS, 1º de
Dezembro, é "Cuidemos uns dos outros".
1990 – Morre Ryan White, aos 19 anos. O programa
de troca de agulhas e seringas da cidade de Nova York é fechado por questões
políticas. Em dezembro, mais de 307 mil casos de AIDS haviam sido oficialmente
reportados pela OMS, porém havia estimativas de números próximos a 1 milhão. No
Brasil, morre o cantor de rock Cazuza.
No
mesmo ano, seus pais fundam a Sociedade Viva Cazuza.
1991 – O jogado de basquete americano,
"Magic" Johnson anunciou que era portador do HIV.
Morre Freddie Mercury, cantor do grupo de rock
Queen.
O terceiro antirretroviral DDC foi autorizado pelo FDA para pacientes
intolerantes ao AZT. Contudo, nesta época, ficou claro que o AZT e as outras
drogas estavam limitadas ao tratamento da AIDS, pois o HIV desenvolvia
resistência aos medicamentos que diminuíam sua eficácia. Ao final de 1991,
chega a 200 mil o número de casos nos EUA com 133 mil mortes.
1992 – A estrela do tênis Arthur Ashe anunciou
que estava infectado pelo HIV em função de uma transfusão de sangue em 1983. O
FDA aprova o uso do DDC em combinação com o AZT para pacientes adultos com
infecção avançada. Esta foi a primeira combinação terapêutica de drogas para o
tratamento da AIDS a apresentar sucesso.
1993 – mais de 3,7 milhões de novas infecções
ocorreram mundialmente. Mais de 10 mil por dia. Durante este ano, mais de 350
mil crianças nasceram infectadas. O bailarino russo Rudolf Nureyev morre de
AIDS em janeiro. Em fevereiro, menos de um ano após ter anunciado a sua
infecção, morre Arthur Ashe.
1994 – passou a ser estudado um novo grupo de
drogas para o tratamento da infecção, os inibidores da protease. Estas drogas
demonstraram potente efeito antiviral isoladamente ou em associação com drogas
do grupo do AZT (daí a denominação "coquetel"). Houve diminuição da
mortalidade imediata, melhora dos indicadores da imunidade e recuperação de
infecções oportunistas. Ocorreu um estado de euforia, chegando-se a falar na
cura da AIDS. Entretanto, logo se percebeu que o tratamento combinado (coquetel)
não eliminava o vírus do organismo dos pacientes. Some-se a isso também aos
custos elevados do tratamento, o grande número de comprimidos tomados por dia e
os efeitos colaterais dessas drogas. Por outro lado, um estudo comprovou que o
uso do AZT reduzia em 2/3 o risco de transmissão de HIV de mães infectadas para
os seus bebês. A despeito desses inconvenientes, o coquetel reduziu de forma
significativa a mortalidade de pacientes com AIDS. O ator Tom Hanks ganha um Oscar
por sua atuação no filme Philadelphia.
A AIDS se torna a principal causa de morte
entre americanos com idade entre 25 e 44 anos. Desde o início da infecção, 400
mil pessoas nos Estados Unidos haviam desenvolvido a AIDS com 250 mil mortes. É
criado o UNAIDS, integrado por cinco agências de cooperação de membros da ONU
com o objetivo de defender e garantir uma ação global para a prevenção do
HIV/aids. (Unicef; Unesco; UNFPA; OMS; e UNDP), além do Banco Mundial. Betinho
é indicado pelo presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, para o Prêmio
Nobel da Paz, por sua atividade no combate à fome. Estava pesando 45 kg. O tema
do Dia Mundial da AIDS é "AIDS e família".
1995 – O FDA aprovou o uso do Saquinavir, a
primeira droga de um novo grupo, antirretroviral, de inibidores de Protease.
1996 – Magic Johnson retorna ao basquete
profissional. Durante este ano, um crescente número de drogas foi aprovado pelo
FDA nos EUA, para administração em combinação com outras drogas. Acontece a
Conferência Internacional em Vancouver, onde se anunciou a combinação de três
drogas com efeitos mais efetivos que a terapia dual. Surgiu a dúvida a respeito
de quanto tempo estes efeitos poderiam ser mantidos, considerando-se as
dificuldades e peculiaridades do tratamento. No final deste ano, a UNAIDS
reportou que o número de novos infectados havia declinado em vários países em
que práticas de sexo seguro haviam sido disseminadas (Estados Unidos, Austrália,
Nova Zelândia, e países do norte da Europa
1997 – A UNAIDS reportou que os números mundiais
de AIDS estavam piores do que o esperado: sugerindo que havia 30 milhões de
pessoas vivendo com HIV/AIDS e 16 mil novas infecções por dia. Em 09 de agosto,
morre o Betinho, 11 anos depois de confirmar sua condição de portador, com 61
anos, vítima de Hepatite C, em casa, ao lado da mulher e dos filhos. O Brasil
comove-se. A USAID/Brasil propõe estratégia de cinco anos para a prevenção do
HIV/AIDS.
1998
-- Na América Latina e Caribe, estima-se que
aproximadamente 65.000 indivíduos entre 15 e 24 anos de idade adquiriram o HIV
(UNAIDS, 1999).
1999 – Até este ano, 155.590 casos de AIDS foram
registrados no Brasil, dos quais 43,23% na faixa etária entre 25 e 34
anos".
2000 –. Em Durban, na África do Sul, ocorre a
13ª Conferência Internacional sobre Aids, que denuncia a mortandade no
continente africano, onde 17 milhões de pessoas morreram decorrente das
doenças, dentre as quais, 3,7 milhões de crianças. Cinco grandes companhias
farmacêuticas concordam em diminuir o preço dos medicamentos utilizados no
tratamento da Aids nos países em desenvolvimento, o que ocorreu devido a um
acordo promovido pelas Nações Unidas. No Brasil, os casos da doença
começam a aumentar entre as mulheres, alcançando o índice de uma mulher para
cada dois homens infectados.
2001
– No
Brasil, é implantado a Rede Nacional de Laboratórios para Genotipagem.
Organizações médicas e ativistas denunciam o alto preço dos medicamentos nos
países em desenvolvimento. Algumas patentes começam a ser quebradas pelo
governo brasileiro, o que leva à negociação com a indústria farmacêutica
internacional e redução dos preços dos medicamentos vendidos no país. O HIV
Vaccine Trials Network (HVTN) planeja a realização de testes com vacinas em
vários países, incluindo o Brasil. De 1980 a 2011, o total de casos no Brasil
chega a 220.000.
2002
– Visando
captar e distribuir recursos, utilizados por países em desenvolvimento para
controlar as três doenças infecciosas que mais matam no mundo, é criado o Fundo
Global para o Combate a Aids, Tuberculose e Malária. Um relatório realizado
pelo Unaids, afirma que a doença mais matar 70 milhões de pessoas nas duas
décadas seguintes, atingindo com mais intensidade a África. Em Barcelona,
ocorre a 14ª Conferência Internacional sobre Aids. O número de casos de Aids
notificados no Brasil, desde 1980, é de 258.000.
2003
– Ocorre,
em Havana, Cuba, o II Fórum em HIV/Aids e DST da América Latina. O Programa
Nacional de DST/Aids recebe US$ 1 milhão da Fundação Bill & Melinda Gates
como reconhecimento às ações de prevenção e assistência no país. Os recursos
foram repassados para ONGs que trabalham com portadores de HIV/Aids. O Programa
é considerado por diversas agências de cooperação internacional como referência
mundial. Os registros de Aids no Brasil são 310.310.
2004
– Foi
lançado o algoritmo brasileiro para testes de genotipagem. Em Recife, ocorre
três congressos simultâneos. O número de casos da doença chega a 362.364.
2005
– Makgatho
Mandela, filho de Nelson Mandela, morre em consequência da aids, aos 54 anos. O
tema do Dia Mundial de Luta Contra a Aids no Brasil aborda o racismo como fator
de vulnerabilidade para a população negra. Os casos no Brasil chegam a 371.827.
2006
– Em
Toronto, Canadá, ocorre a 16ª Conferência Mundial sobre Aids, que recebe mais
de 20 mil pessoas. A campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids foi
protagonizado por pessoas vivendo com Aids. À noite, em uma ação inédita, a
inscrição da RNP+ “Eu me escondia para morrer, hoje me mostro para viver” foi
projetada em raio laser nas duas torres do Congresso Nacional, que ficou às
escuras, como forma de lembrar os mortos pela doença. No país, o preço do
antirretroviral Tenofovir foi reduzido em 50%. Registros de Aids no Brasil
ultrapassam 433.000.
2007
– No Brasil, onde o número de casos de infecção
pelo HIV chega a 474.273. A Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids tem
como tema os jovens e é lançada no Cristo Redentor. Os ministérios da Saúde e
Educação e as Nações Unidas premiam máquinas de preservativos.
2008
– É
inaugurada a primeira fábrica estatal de preservativos do Brasil e a primeira
do mundo a utilizar o látex de seringal nativo no Acre. É concluído o processo
de nacionalização de um teste que permite detectar a presença do HIV em apenas
15 minutos. Fiocruz pode fabricar o teste, ao custo de US$ 2,60 cada. Governo
gastava US$ 5 por teste.
2009
– O
Ministério da Saúde bate recorde de distribuição de preservativos, chegando a
465,2 milhões. O Programa Nacional de DST e Aids torna-se departamento da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e o Programa Nacional
para a Prevenção e Controle das Hepatites Virais é integrado a ele. Desde 1980,
já são 544.846 casos de Aids no país.
2010
– O
número de casos identificados no Brasil chega a 592.914.
2011
– As
Casas de Apoio de atendimento a adultos com HIV/Aids passam a contar com
incentivo financeiro do governo federal destinado ao custeio das ações
desenvolvidas com crianças e adolescentes. O Brasil anuncia a produção nacional
de dois novos medicamentos para Aids - atazanavir e raltegravir - por
meio de Parcerias Público-Privadas e versão genérica do tenofovir, indicado
para o tratamento de Aids e hepatites. Brasil e França celebram dez anos em
cooperação científica nas áreas de DST, Aids e hepatites virais. O Ministério
da Saúde distribui medicamento atazanavir em todo o Brasil.
2012 – Após
o carnaval, é lançada campanha para promoção do diagnóstico e a conscientização
da necessidade da realização do teste. Em maio é lançada a campanha Dia das
Mães - Unaids "Acredite. Faça a sua parte", no intuito de
conscientizar sobre a contaminação de crianças pelo HIV .
Dados estimativos em 2016 ( UNAIDS)
- Número de pessoas vivendo com HIV no mundo:
- Adultos: 34,9 milhões [32,4 milhões-37,9 milhões]
- Mulheres: 17,8 milhões [16,4 milhões-19,4 milhões]
- Crianças: (<15 anos) 1,8 milhão [1,5 milhão-2,0 milhões]
- Total: 36,7 milhões [34,0 milhões-39,8 milhões]
- Número de novas infecções por HIV
- Adultos: 1,9 milhão [1,7 milhão-2,2 milhões]
- Crianças (<15 anos): 150.000 [110.000-190.000]
- Total: 2,1 milhões [1,8 milhão-2,4 milhões]
- Mortes relacionadas à AIDS
- Adultos: 1,0 milhão [840.000-1,2 milhão]
- Crianças (<15 anos): 110.000 [84.000-130.000]
- Total: 1,1 milhão [940.000-1,3 milhão]
- Número de pessoas em tratamento para o HIV
- Total: *18,2 milhões [16,1 milhões-19,0 milhões]
Referências
Bibliográficas:
Secretaria
Municipal de Saúde e Higiene de São José do Rio Preto, SP
- Ministério da Saúde – Coordenação de DST/AIDS
-
SHILTS, Randy. O prazer com risco de vida.
Record. Rio de Janeiro, 1987.
-
SODELLI, Marcelo. Escola e AIDS: Um olhar para o
sentido do trabalho do professor na prevenção à AIDS. Tese de Mestrado PUC/SP, 1999.
- Instituto de Infectologia Emílio Ribas